quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Já vos falei da religião?


Pois é. Aqui quem é religioso paga imposto. E não é pouco. É anual e é bem pesado.
Caso não pretendam ir à missa com regularidade, casar cá pela igreja, mandar os vossos filhos à catequese e coisas que tais, ou resumidamente, caso não sejam praticantes e não queiram "doar" parte do vosso salário à igreja, é melhor não andarem por aí a dizer ao povo que são católicos, ou protestantes, ou qualquer outra das religiões oficiais do país.
Se quando se registarem na Gemeinde vos perguntarem se são religiosos e qual é a vossa religião, não estão apenas a ser curiosos - É PARA VOS FAZER PAGAR, MEUS AMIGOS. Se não estiverem interessados, mais vale dizer que são sikhs.
É que se, como eu, ingenuamente disserem que são católicos, depois já não há como fugir. Eu bem que lá fui dizer que afinal tinha reavaliado a minha fé e já não acreditava em nada, mas levei com um manguito figurativo. Ai queres deixar de pagar? Então arranja uma declaração da tua igreja que comprove que cortaste relações com eles, ou que foste excomungada, ou que eles já não gostam de ti, pronto.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A senhora do catering

O meu colega de equipa e compincha de todos os disparates e asneiras desta vida vai casar na Sexta-feira que vêm. À bela maneira portuguesa (e Grega) eu e a maria-das-dores ainda não tínhamos comprado o presente de casamento. E como estávamos sem tempo e eu não tinha paciência para pensar em nada, assenti à compra de um voucher da empresa de catering do casamento (não perguntem, não faço ideia...).
Ora acontece que a futura esposa do meu compincha é italiana e a empresa de catering é uma coisa assim muito familiar, muito tradicional, muito coiso. Nada de comprar os vouchers pela internet, há que lá ir presencialmente. E assim, hoje à hora do almoço lá fui eu mais a maria-dolorosa à bottega.
Assim que chegámos vimos logo a cena: uma empresa familiar constituída por uma pessoa só: uma senhora italiana roliça e castiça que só ela, daquelas seguríssimas de si e das suas decisões. Que é como quem diz, com a mania que sabem tudo.
A senhora, muito prestável, adiantou-se-nos e anteviu as nossas necessidades (?) e vai de comprar um postal para oferecermos com o voucher ("Ah e tal, se não gostarem não precisam de ficar com ele... mas vão adorar!). Já estava eu toda contente a pensar que me tinha poupado à trabalheira de correr mundo em busca do postal ideal quando a senhora italiana saca duma coisa enorme, brilhante, dourada e multicolor e assim... uma piroseira fenomenal. A coisa piora quando ela, com um sorriso tão ou mais vistoso que o postal, abre o dito cujo e ele começa literalmente a gritar "Can you feel the love tonight... tonight!". Pois.
Durante uns 10 segundos, eu não consegui mover um músculo. Para ali fiquei de boca aberta e só ao fim da terceira cotovelada da maria-dói-me-tudo é que me apercebi que ela me estava a perguntar o que é que eu achava. No canto da sala um casal de provavelmente noivos ria a bandeiras despregadas. E eu, que até ali não tinha tido reacção, já só me apetecia rir que nem uma perdida. A maria-ai-que-estou-tão-mal já se contorcia toda com o riso dissimulado, mas a senhora italiana continuava expectante, esperançosa e a sorrir. E eu não tive coragem para a desiludir. Vai na volta, em vez de dizer que aquilo estava para um casamento como o Zé Castelo Branco para a música (way too much!), lá desencantei que a noiva era bastante discreta e que se calhar não era bem o estilo dela, e que... pois. Não. Desculpas pedidas ainda fui obrigada a enfrentar a cara de desilusão da senhora italiana. Juro que ela quase chorou de desgosto.
De regresso ao escritório, escusado será dizer que passámos a tarde quais Elton-John-sentimentalonas a cantar a plenos pulmões enquanto o meu compincha se queixava de quanto aquela música era horrorosa. E mesmo tendo combinado com a maria-das-maleitas que o episódio só seria contado depois do casamento, claro está que a meio da tarde já eu me tinha desbocado toda.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Encontrei emprego na Suíça, e agora?

Fantástico, conseguiram emprego. Mas então e agora? Abalar assim do nada com a mochila às costas e dinheiro suficiente para lá chegar não é boa ideia. É péssima!
Vir trabalhar para um país como este implica muitos detalhes que podem escapar aos estreantes nestas lides de trabalhar no estrangeiro. Apesar de localizada na Europa, a Suíça não faz parte da União Europeia, pelo que chegar aqui com o cartão de cidadão no bolso não chega para cá ficar.
First things first.
Regra básica quando se vai trabalhar para fora, seja para que país for: Não sair sem contrato de trabalho em circunstância alguma. Se a empresa for fiável e tiver verdadeiro interesse, vai enviar o contrato antes da relocalização da pessoa em causa.
Contrato na mão, o próximo passo é encontrar um sítio para ficar. Se não tiverem a sorte de a empresa que vos contratou vos fornecer alojamento (temporário ou não), têm uma verdadeira odisseia pela frente. Arranjar casa cá é extremamente difícil, principalmente para estrangeiros e especialmente na parte francesa da Suíça. E não contem em conseguir encontrar alguma antes de cá chegar e fazer algumas visitas. O ideal é começar a pesquisa o quanto antes, no homegate.ch ou no comparis.ch e fazer contactos via e-mail / telefone. Preparem-se para passar alguns dias (na melhor das hipóteses) num hotel ou em casa de alguém, porque depois de arranjada a casa ideal e considerando que a vossa candidatura foi aceite (exactamente: existe uma lista de espera e é necessário preencher uma candidatura, para cada casa/apartamento), o processo que se segue não é especialmente célere. Há o contrato para assinar, a papelada para entregar e o pagamento da caução. Normalmente 2 rendas em avanço. E aqui chegamos a outro ponto muito importante a considerar:
Quem se muda para cá tem de ter, inevitavelmente, algum dinheiro de parte para fazer face às despesas que começar uma vida aqui implica.
A caução obrigatória quando se arrenda uma casa é normalmente o mais custoso. Uma renda para um T1 decente fora da cidade ronda os 1500 CHF. Aquando da entrada na casa há que pagar 2 meses de caução + a primeira renda. Façam-lhe as contas.
Depois há as despesas relativas a activações de serviços, registo na Gemeinde (tipo junta de freguesia, muito importante, não esquecer logo que se fixarem numa localidade!), seguros de saúde e por aí em diante.
Convém não esquecer que durante o primeiro mês não haverá salário, e considerando o nível elevado dos preços em geral, sobreviver aqui não é o mesmo que em Portugal.
Para que um cidadão Europeu possa trabalhar na Suíça precisa de um Permit (ou permis en Français). Nada mais que uma licença de trabalho e residência que tem de ser obtida na Gemeinde, apresentando o contrato de trabalho, a morada e algumas fotografias (e possivelmente mais qualquer coisa que não me recordo).
Quanto à saúde, não há cá mimos e segurança social promovida pelo governo. O seguro de saúde é privado, pago por cada indivíduo e obrigatório, e mais nada. É um dos primeiros requerimentos do empregador. Nada de pânico: nos primeiros dias, em caso de emergência e enquanto o seguro não está 100% operacional, podem usar o Cartão Europeu de Seguro de Doença que devem pedir em Portugal logo que saibam que vão sair do país (é que a coisa demora!). O melhor sítio para comparar preços de seguros e entender as mais variadas ofertas e opções é novamente o comparis.ch, o melhor amigo dos estrangeiros!
O empregador pode e deve assistir os seus recém-contratados aquando de uma relocalização. Mais que não seja, fornecendo informações de como e onde procurar o quê, e disponibilizando-se como referência no processo de avaliação de candidaturas para alojamento.
Finalmente, nem tudo são más notícias! Não se preocupem se a mudança para cá implicar falência técnica e quiçá empenhamento até ao tutano. Serão capazes de saldar as dívidas contraídas para o efeito facilmente em dois ou três meses de trabalho!

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Como arranjar emprego na Suíça

Não, não vou passar nenhuma fórmula milagrosa que vai resolver todos os problemas do mundo, e muito menos dizer algo de novo que nunca tenha sido dito.
Quero apenas com este post esclarecer que eu não trabalho em recursos humanos, não tenho uma agência de emprego nem conheço ninguém que "arranje um tacho".
Limitei-me a enviar currículos a torto e a direito, batalhei e consegui emprego da forma mais límpida e comum possível: desunhando-me a procurar.
Referindo-me só e apenas à minha área, encontrar emprego cá não é mais fácil que em qualquer outro sítio pela Europa fora. Desenganem-se os que pensam que este país é o pote de ouro no fim do arco-íris. Há alguma oferta (não tanto como em outros tempos), mas o grau de exigência é elevadíssimo. Falar alemão é quase um must e raras são as ofertas que não o exigem como requisito base. No entanto ainda é possível trabalhar na Suíça falando apenas inglês. E depois a experiência profissional. É muito chato, porque todos nós temos que começar por algum lado, mas a verdade é que aqui não é o lugar. Principalmente se ainda residirem noutro país. Nenhum recrutador vai fazer deslocar uma pessoa que nunca trabalhou na vida e incorrer no risco de esta não se adaptar, não gostar de trabalhar ou simplesmente não servir e ter que voltar para o país de onde veio.
Esqueçam a ideia de vir cá passar uns tempos e "entregar uns currículos". Pelo menos por cá, isso já não se usa. De nada serve ir bater às portas das agências de emprego com o cv debaixo do braço. A maioria vai pedir-vos que enviem na mesma por e-mail, e uma grande parte nem sequer vai aceitar a versão papel. O mesmo se aplica às empresas: andar de porta em porta não resulta. Na maior parte das vezes não vos deixarão entrar, muito menos se disserem que é para entregar um currículo.
A melhor forma de procurar emprego é a mais básica: via internet. Existem vários sites, sendo que o mais popular por estas bandas é o jobs.ch, onde eu própria encontrei a oferta para a posição onde hoje trabalho. Os sites das agências de emprego também são uma boa fonte, uma vez que é bastante comum aqui que as empresas recorram a agências para recrutamento. Tenho ouvido que a mais eficiente para estrangeiros é a Michael Page.
Um dos maiores problemas que tenho encontrado entre as pessoas que me pedem ajuda é precisamente o cv. Se não têm ideia do que colocar num cv, usem uma ferramenta on-line. Usem o europass, por exemplo. E se procuram um emprego como secretária admnistrativa, não escolham uma foto em que parecem uma barmaid! Não esquecer que estamos a concorrer para emprego em outro país, onde as pessoas não sabem o que é ZON, a Casa das Sandes ou o João Ramiro e Filhos Lda.. Expliquem devidamente qual é a área de actividade das empresas onde trabalharam anteriormente e os detalhes da vossa função. Se não têm experiência profissional relevante, coloquem qualquer outro tipo de actividades que tenha feito: voluntariado, seminários, formações complementares... Enviar um currículo de onde só consta a formação académica, a menos que seja para um estágio, é o mesmo que estar quieto. E não esquecer a carta de apresentação. Não vale andar a procurar modelos "pré-fabricados" na internet.
Outra ferramenta útil para procurar emprego cá é o linkedin. Criem um bom perfil, completo e com fotografia e comecem a vossa rede profissional. Concorram a ofertas de emprego e mantenham-se activos e eventualmente alguém pode reparar em vocês. Não caiam no erro de criar um perfil inteiramente em português, pelos motivos óbvios.
As cunhas, o factor "C", whatever, whatever... não funcionam aqui. Um amigo que conhece uma empresa que precisa de uma pessoa com determinado perfil e que vos arranja uma entrevista, sim. Mas o emprego não está garantido por causa disso.
Muito importante é não desistir. Insistir até à exaustão. Quando pensarem que já não dá mais, alguma coisa acaba por aparecer.

terça-feira, 24 de julho de 2012

da personagem


Tive em tempos um professor de história que lhe chamava “Mentiroso das Paisagens”. Já o meu pai sempre foi fã e me instigou a ver os seus programas na televisão. Quanto a mim, muito honestamente, nunca foi uma personagem que me despertasse grande interesse. Apesar de me interessar por história, os seus discursos pareciam-me sempre idênticos e demasiado floreados.
Muito se tem falado sobre a vida de José Hermano Saraiva, prinicipalmente recentemente com a notícia da sua morte. A Sábado voltou a dar destaque a uma reportagem que lhe fez em 2006 e eu, que pouco sabia sobre este senhor, resolvi ler. O que encontrei em nada me esclareceu sobre a veracidade e exactidão daquilo que costumava contar. Percebi que foi um homem cultíssimo e inteligente mas muito, muito contraditório e com ideias muito próprias, mas pouco lógicas.
Vejamos a parafernália de contradições que encontrei ao longo da entrevista da Sábado e que passo a transcrever parcialmente (e a comentar, claro está!).

Nesta parte da entrevista falava-se de como o Professor tinha chegado à televisão e sobre o seu primeiro trabalho nesta área:
Quanto ganhou?
Não me lembro. Não os fazia por causa do dinheiro. O dinheiro é importante como limite de sobrevivência. Mas não é por causa dele que se fazem as coisas.

Adiante na entrevista, o Professor é questionado sobre a carreira que seguiu (Direito) e a sua relação com a história:

Qual foi o primeiro livro de história que leu?
A História Universal, de César Cantu (...) Nunca fui um estudante muito bom. Era fracote na matemática, o que alterou a minha vida. Se não fosse isso teria sido arquitecto. De maneira que fui para letras – História e Filosofia. Quando acabei o curso fui para Direito, por perceber que a História era muito interessante mas não dava dinheiro. Passei a acumular o horário de professor de História no Passos Manuel com o lugar de advogado.

Se percebi bem, o senhor não dava grande importância ao dinheiro até porque nem “é por causa dele que se fazem as coisas”. Mas foi por causa do dinheiro que escolheu Direito ao invés da História, apesar de ser “muito interessante”. Boa!

Ainda no tema das contradições, chega mais uma:

Era um pai presente?
Não. Saia de casa de manhã e voltava à noite. (...) Só tive a preocupação de todos fazerem o serviço militar. (...)
Foram para África?
Dois. Um esteve em Cabo Verde como médico militar e o outro em Angola.
Foi despedir-se deles ao aeroporto?
Estava no Brasil. Mas cada um seguiu a sua vida e tudo correu bem.
Considera-se uma pessoa afectuosa?
Até demais. Os sentimentos em mim são muito fortes. Um desgosto dá cabo de mim.

Professor Hermano Saraiva, uma pessoa demasiado afectuosa que faz questão que os filhos vão para a guerra mas não se vai despedir deles ao aeroporto, porque estava fora e cada um seguiu a sua vida. Se morressem na guerra e ele nunca mais os visse, o desgosto dava cabo dele, mas não tem mal.

Quando se discute a sua integração no novo regime político que encontrou quando regressou do Brasil, mais do mesmo:

Integrou-se bem na sociedade democrática?
Não me integrei nem desintegrei. Não sou integrável. (...)
Porque é que depois do 25 de Abril não se voltou a envolver em política?
Porque não estou integrado no regime. Um tipo não pode servir dois senhores. Assentei praça sob uma bandeira e não sou dos que vira a casaca.

Ora pois lá está. Não sou integrável mas não voltei à política porque não me integrei.

Quanto às vincadas teorias do Professor, achei particularmente interessantes as que se seguem.

Como encara as críticas dos outros historiadores às suas afirmações como o famoso “foi aqui, exactamente aqui”?
Eles não perdiam nada em ler o catecismo. Lá diz que a inveja é um pecado mortal.
É só inveja?
É só inveja.
Porquê?
Nenhum legou ao país uma obra histórica com tanto alcance no mundo como eu. Só pode ser inveja.

E quem fala assim não é gago. Eu sou o melhor do Mundo, os outros são paisagem.
Humildade. Ou a falta dela neste caso. Não é um pecado mortal, mas em dose qb traz grandes vantagens na salavação das almas e não fica nada mal.

Hermano Saraiva fez, enquanto Ministro da Educação, parte do governo de Salazar e era um dos grandes defensores das suas virtudes.

Um livro recente diz que afinal Salazar teve várias mulheres...
Tudo mentira. Quando ele estava doente, fui lá e a dona Maria diz-me a chorar: “o senhor doutor nunca mais é ninguém. Durante 40 anos nunca se deixou ver com a barba por fazer agora está para ali deitado, descomposto.” Este homem dava-se a um respeito que não permitia que o vissem com a barba por fazer. Imagine um santo. Um tipo de uma austeridade ascética, quase medieval.

Um homem que nunca traz a barba por fazer é um santo e não pode jamais ter comportamentos desviantes. Está mais que provado que a ausência de barba torna as pessoas mais íntegras, respeitadoras e fiéis! O barbudo do Jesus Cristo devia ser um malandro do pior...

Quando o assunto é política, a lógica da batata continua. Ou votamos nos nossos amigos, mesmo que eles não sejam candidatos dignos da posição a que concorrem e mesmo que consideremos os seus opositores como sendo uma boa escolha, ou então não votamos de todo:

O que acha de Cavaco Silva?
É um homem honesto, bem intencionado e que fez uma campanha modelar. (...)

Votou nele?
Não votei porque era difícil para mim. Sou amigo pessoal do Mário Soares. (...)

Mário Soares não se devia ter candidatado?
Não. Mas só por causa da idade. (...) Por isso é que não fui votar. Não queria votar contra um amigo.

A entrevista vai quase no fim, mas não sem uma importante lição a reter: O que faz de alguém um bom embaixador? Riquíssimos jantares, vinho do Dão e queijos da serra. Candidatos?

Foi um embaixador de muitos croquetes e coquetéis?
Fiz muitos. Mas não era com croquetes. Eram riquíssimos jantares. Adoravam-me por isso. A embaixada estava sempre aberta. Tinha vinho do Dão e queijos da serra.

E pronto, a entrevista da Sábado foi interessantíssima e deu-me a conhecer uma importante figura da nossa história. Se aprendi muito com isso? Não. Se mudei de (ou criei) opinião sobre o Professor José Hermano Saraiva? Também não. Se sou mais uma que nada fde grandioso fez mas que gosta de criticar? Epá até sou. Se detesto o homem e desrespeito o que ele fez em vida. Nada disso, pelo contrário. Mas ri-me um bocadinho. E não poderia deixar de mandar umas postas sobre isso.

A entrevista pode ser lida na íntegra no site da Sábado.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

O fim-de-semana no spa...

... ou a comédia que foi antes de lá chegar.
Ora bem, já tínhamos isto marcado há algum tempo, e foi este fim-de-semana que rumámos a Lossburg, uma cidadesinha nas montanhas do Sul da Alemanha.
Saímos na Sexta-feira depois do trabalho (e de eu me estafar a pedalar na bicicleta lá de casa como se não houvesse amanhã) e visto que tínhamos duas horas de caminho pela frente, a dada altura desceu em nós o pior dos demónios da fome e lá tivemos que parar no primeiro lugar que apareceu na auto-estrada: McDonals. Piece of cake, pensei eu. Nem eu nem ninguém fazia ideia do que por aí vinha.
Tínhamos passado a fronteira há uma hora e ainda não tínhamos conseguido levantar Euros e essa foi mais uma das razões porque parámos no Mc. Lá fizemos o pedido e quando vamos para pagar a senhora lá explicou que não aceitavam cartão. Nem francos. Nem que eu lá ficasse a lavar a louça porque eles já tinham máquinas de lavar. E não havia louça de qualquer forma que aquilo é tudo de papel. Bem, lá disse à senhora que então no card, no food, podia bem levar tudo para trás que nós íamos à nossa vidinha, com a nossa fome e os nossos cartões e os nossos francos, comer para outro lado. Muito prestável, a senhora prontificou-se a dar-nos a comida, tal era a nossa cara de fome, e para tal feito heróico apenas precisava de ficar com a minha carta de condução, pagávamos depois de comer e levantar dinheiro na caixa mais próxima. E assim fizemos, totalmente comovidos com a boa acção. O festival começou verdadeiramente depois de termos comido e regressado para pagar. A senhora que tão amavelmente nos tinha recebido não estava, e depois de tentar explicar no meu Alemão fantástico a  três pessoas diferentes o que estava ali a fazer e elas ficarem a olhar para mim como um burro para um palácio, fartei-me e comecei a mandar vir em Inglês. Aliás, começámos os dois. E as senhoras acenavam que não com a cabeça. E as pessoas nas filas riam-se delas, e de nós. E o Roger trabalhava em mímicas elaboradas entre a carta de condução dele (similar à minha) e as notas que tinha na mão. E eu ria-me, cada vez mais, assim qualquer coisa perto do lunático maléfico. E a confusão não acabava. E eu suplicava por alguém que falasse Inglês. E eis que me salta de dentro do balcão uma senhora com um bigode de impor respeito e o peito cheio de ar, afirmando que ela sim, falava Inglês e mais do que isso, compreendia Inglês! Eu, já cedendo ao meu Hulk interior a querer saltar cá para fora, expliquei tudo na linguagem mais básica que consegui: "I eat. No money. NO MONEY. My driving licence here. LIKE THIS ONE. DIFFERENT PHOTO" (e apontava para a minha cara girando o indicador, e de volta para a carta do Roger que tinha na mão). "Now I pay - you give the licence back."
Depois de me avaliar durante dois segundos e meio e ponderar sobre o meu discurso, eis que a senhora do bigode liberta o veredicto final:
"No. Only cash!"
Então não é que esta super entendida em Inglês cismou que eu queria pagar com a carta de condução? É que nem o meu Hulk interior se tinha lembrado de tal proeza. E foi quando eu acertava os últimos detalhes com ele sobre o que fazer àquela gente, que me aparece a senhora que tinha inventado aquele esquema todo, de braço no ar em estilo de super-homem e a transbordar "sorry's" por todos os lados. Lá me deu a carta de volta e fomos embora a correr dali para fora. Uma hora e 200 imitações depois, ainda não tínhamos parado de rir.
O resto do fim-de-semana foi fantástico, mas não sem mais uma peripécia ou outra de se lhe tirar o chapéu. Mas isso eu conto depois.

domingo, 1 de julho de 2012

Europa park

No fim-de-semana passado minha mais do que amiga do coração resolveu finalmente vir visitar-me e andámos por aí a curtir à brava (mentira: eu, para não contrastar com estado em que me tenho encontrado nos últimos meses, estava mais que cansada, com elevadíssimos níveis de stress, e energia, nem vê-la). Detalhes à parte, por entre visitas à cidade e muitas compras (que bem que me soube ter companhia para correr os estaminés da zona!), na Sexta-feira tive a ideia relâmpago brilhante (como todas as minhas ideias relâmpago) de irmos ao Europa-Park. É um parque de diversões na Alemanha, mais propriamente em Rust e a duas horas daqui. Enquanto andávamos no passeio, o meu rapaz convidou mais uma malta e no Sábado aí fomos nós.
Foi absolutamente espectacular. O parque está dividido em várias zonas temáticas correspondentes aos países da Europa e onde supostamente, para além das atracções temáticas, se pode encontrar comida típica dos países em questão. Em Portugal encontrámos sandes de atum ou de fiambre, ou camarões. E nós que íamos tão airosos e decididos a mostrar aos nosso amigos do Brasil e do México que em Portugal é que se comia bem, fomos enxovalhados.
Quanto às atracções, meus amigos, até para uma aficcionada da coisa como eu: aquilo era verdadeiramente assustador. As montanhas russas (várias, várias, várias) desafiam o mais bravo dos bravos, quer pelo seu tamanho, quer pela velocidade ou pela estrutura. Cheguei a temer pelo meu coração e a duvidar da minha sanidade. Valeram-me os bravos que tinha a meu lado e que me faziam ter vergonha de desistir.
As atrações com água são um dos pontos altos do parque, e nós, com aquele calor, saímos de lá encharcados mas gratos.
Muito ficou por ver, o parque é enorme e, verdade seja dita, não chegámos lá propriamente pela aurora nem andámos a correr. O tempo que se perde nas filas também não ajuda, mas o essencial (e mais altamente) ficou visto e experimentado.
Ficam as fotos da aventura.











sexta-feira, 8 de junho de 2012

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Grief, Love and Hope


Someone I know lost his best friend last week.
It has been said that "Life sucks and then you die". In fact, I think - life is amazing and it sucks when you die - makes much more sense.
Being there, watching him refusing to believe on the possible tragedy and then finally receiving the confirmation; it killed me inside. I could not help the selfish thoughts. If I would lose one of my friends, how could I ever move pass their loss?
The weekend was running, and I wanted to say something that would make him feel... less pain. I wanted, but I couldn't. This kind of pain cannot be stopped with words. It can only be slightly bearable with a hug and smoothed with time.
Today I saw him again. I don't remember the last time I saw so much pain and grief and sadness. He seemed ages older. Expression riddles increased significantly around his eyes surrounded by dark purple circles, reflex of too much suffering, too much tears, to much helplessness.
Never before I felt so powerless over someone's pain. Never before I missed the right words to say. My heart was truly hurting, I could feel every inch of his sadness, so deep, so unbearable and so desperate. I wanted to take this boy in my arms, hug him and promise in vain that everything would be better somehow. I still cannot find the words to tell him how sad I feel when I look him in the eye.
Losing a friend, mainly when we know his time was not supposed to come so soon, is not only the saddest sorrow but also the most difficult to accept.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Das resoluções de 2012



No início do ano andei por aqui a mandar vir sobre as minhas resoluções para 2012. Uma delas era aprender a tocar guitarra.
Pois bem... hoje tive a primeira aula. E gostei mesmo muito. O professor é muito experiente, paciente e simples. E eu tenho boas expectativas para estas aulas.
Por agora, praticar muito com a minha guitarra nova que, como dá para ver ali em cima, é mesmo, mesmo linda!

terça-feira, 20 de março de 2012

One of those moments...

 


Já tinha ouvido histórias destas, ou lido na web. Mas vivê-las de perto...
Hoje quando vinha a caminho de casa já a noite tinha caído, e ao chegar à minha rua reparei em alguma coisa no meio da estrada. Era um gato, sentado exactamente no meio da estrada. Parei o carro, mandei-lhe com os máximos uma e outra vez, apitei, abri o vidro e tentei de tudo para que o gato se mexesse... Nada. Continuava sentado, de costas para mim, imóvel. Por fim, e porque não podia ficar ali parada logo a seguir a uma curva, lá galguei o relvado junto à estreita estrada e contornei o gato. Foi então que vi: a frente deste gato estava outro, estendido no chão.
Estacionei o carro, e de nó na garganta e mãos a tremer, liguei ao Roger para vir cá fora e fui ver o que se passava. Quem me conhece sabe: poucas coisas me deixam tão triste como presenciar o sofrimento de um animal, mas nunca seria capaz de o ignorar, sem saber se poderia de alguma forma ajudar. E este estava vivo, mas a julgar pelos gemidos angustiantes, não duraria muito. Aproximei-me a medo e percebi que o gato não tinha sido atropelado. Estava a ter uma espécie de ataque. Não tinha sido atropelado, mas se continuasse ali iria ser. Foi então que tudo parou, o gato levantou-se e, ainda meio manco, foi refugiar-se no jardim da casa mais próxima e quando o Roger chegou já não o encontrámos. O outro gato, e isto é verdadeiramente admirável, não arredou pé do meio da estrada enquanto o primeiro estava em sofrimento e não podia fugir dos carros. Ficou ali sentado, imóvel, solidário e protector. Obrigou-me a desviar-me do meu caminho e a evitar o atropelamento do gato doente, que de outra forma eu nunca teria visto, porque estava deitado na estrada.
Acabado o pânico, o gato-herói olhou em volta, viu que tudo estava bem e só então seguiu rua abaixo, ignorando por completo a grandiosidade do que acabara de fazer.
Ao chegar à minha porta, encontrei os dois gatos dos meus vizinhos que adoram mimos e normalmente não me largam da perna quando chego a casa. Não me ligaram nenhuma, a atenção deles estava ainda focada no que se tinha passado na estrada.
Há coisas fantásticas, não há?

domingo, 11 de março de 2012

And yesterday


was a playoff day.
A convite da minha querida Helen (sim, a professora do post abaixo), fui ver a final da liga B de hockey no gelo. O namorado dela é jogador da equipa de Wettingen.
Primeira constatação: hockey no gelo é um desporto violento e rápido, que nos exercita mais o pescoço que uma aula de yoga.
Segunda constatação: I kinda like it.
O jogo era para os lados de Berna, por isso depois de almoço lá nos fizemos à estrada, para pouco mais de uma hora de tagarelice e muitas gargalhadas.
Depois de nos perdermos umas quantas vezes, lá chegámos ao ringue. Boas notícias: o nosso adversário era a equipa da casa. E para apoiar a nossa equipa, não éramos mais que meia dúzia. Altamente! Estes suíços são uns bebés. Em vez de cornetas, têm sinos; em vez de insultar, cantam; em vez de bradar gritos de guerra, batem palmas. Exacto. Tive de dar umas luzes àquela malta sobre o verdadeiro espírito do chearleading. E modéstia à parte, tivemos tanto sucesso que a nossa equipa até ganhou.
Acabado o jogo, começaram as celebrações dos campeões com muita cerveja à mistura. E esta foi a deixa para as ladies se retirarem e irem jantar.
Quando mais tarde voltámos a encontrar os jogadores na noite, já eles falavam línguas (ainda mais) estranhas e dançavam em coreografias combinadas que faziam lembrar uma concentração de frangos-de-churrasco bailarinos.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Learn German and you'll win a friend




Not so obvious as it seems. Este texto vai ser sobre a minha professora de Alemão, que é única pessoa com quem realmente me identifiquei desde que cheguei a esta Suíça gelada. Poupando-me a ilusões, é um facto que a maioria das pessoas aqui é distante, fria, muito nacionalista e e pouco acolhedora. Os estrangeiros não são o fruto preferido desta malta, e depois dos primeiros meses deixamos de ser o "shiny new toy" e passamos a ser o estrangeiro que veio para aqui roubar o emprego de um qualquer suíço muito mais capaz. Protegem o que é deles, e fazem muito bem. Mas não nos recebem de braços abertos, e quando, como eu, se vem para ficar, as coisas podem-se complicar um bocadinho. As pessoas com quem me relaciono informalmente são todas estrangeiras. Alemães, Italianos, Portugueses, Espanhóis, Indianos. Os estrangeiros não têm outra opção que não socializar entre si. Quem me conhece bem, sabe que sou muito sociável e não tenho dificuldades em meter conversa com quem me vai aparecendo, mas demoro a fazer amigos e não tenho assim tantos quanto isso. Num país como este, fazer amizades entre os locais é um caso perdido. Não, não quero generalizar e acredito que haja bastantes excepções. Mas é difícil. Pelo menos para mim, está a ser. Sou uma pessoa mimada pelos meus amigos e pela família, e a falta desse mimo não é fácil de suportar nem me torna numa pessoa melhor.
Mas adiante, que como eu disse antes, este texto é sobre a minha professora de Alemão.
Na primeira aula, gostei imediatamente dela e daquele ar energético e genuinamente feliz, de quem está de bem com a vida. Tem a profissão que eu mais gostaria de ter nesta vida: Dá aulas de Alemão a crianças refugiadas / com dificuldades de inserção social, em processo de integração na Suíça. E fá-lo com o maior amor do mundo, quase como se aquelas crianças lhe pertencessem. É alemã e namora com um suíço, que é, segundo ela, a excepcção à regra. Mas o mais interessante é mesmo a quantidade de coisas que temos em comum, principalmente no que se refere a traços de personalidade: Falamos primeiro, pensamos depois. Adoramos fazer as outras pessoas rir, dizemos disparates a toda a hora. Somos teimosas, marronas, dificilmente admitimos não ter razão. Explodimos com facilidade e demoramos a pedir desculpas. Pomos tudo de nós no muito que fazemos e entramos com tudo, sem pensar de antemão. Odiamos arrogância, falsas modéstias e duplas faces. Adoramos comer e dançar. Frequentemente, não sabemos bem o que queremos, quando queremos. E reagimos da mesma forma às mais variadas situações.
Ao longo de 3 meses de aulas one to one (só eu e ela) fui descobrindo um pouco de mim nela e fui criando a expectativa de uma amizade, já que as aulas de alemão são dos momentos mais descontraídos e divertidos da minha semana e me fazem realmente bem. Se lá chego de mau humor, desfeita em farrapos depois de mais um dia bombástico no escritório, saio bem-disposta e relaxada, com sentimento de dever cumprido e muito mais animada do que quando entrei. Num mix anglo-germânico, falamos sobre tudo e mais alguma coisa e nunca nos calamos, e o melhor de tudo, é que ela entende perfeitamente os meus dilemas, as minhas piadas e as minhas opiniões e não julga, diga eu o que disser, e vice-versa. Isto é o mais próximo de uma saída recorrente de amigas que por aqui encontro. Fazem-me falta estes girl moments, e as girls nights com as minhas queridas portuguesas da área ainda não são tão frequentes quanto gostaria.
Hoje ela sugeriu que fizéssemos qualquer coisa fora das aulas, um cafésinho, levar os namorados a sair, qualquer coisa... E eu fiquei muito feliz. Porque nem todo o dinheiro do mundo paga a ausência de amigos. E quem não os tem, não tem nada.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012




Desde que vi o filme Chocolate pela primeira vez que não mais me saiu da cabeça esta história do vento Norte – o vento de mudança. Depois li o livro, e vi o filme mais uma ou outra vez. Foi um facto que me senti imediatamente confortável com a inquietude da personagem principal, para mim, aquele sentimento é um lugar comum. Desde miúda. Nunca estava bem em lugar nenhum, fartava-me do que quer que fosse ao fim de pouco tempo.

Depois cresci, mas foi sempre igual, de todas as vezes. Chego a um novo lugar e passado o entusiasmo inicial, a minha motivação começa a decrescer e eu tento em vão convencer-me que é uma fase, que estou a ser exigente demais, que desta vez é que é. Mas depois começo a duvidar daquilo que antes eram as mais absolutas certezas e começa a entristecer-me ter que regressar a cada dia que passa... Afundo-me mais e mais na ausencia de “avançar” que se instala na minha vida. E é então que, quase visualizando a brisa que rodeava Vianne tantas vezes ao longo da vida, eu o sinto chegar. E aí é o limite. Percebo que não consigo ficar mais aqui, mesmo que quisesse. E a busca pela mudança recomeça. Aqui vou eu, de novo, à procura do meu lugar.


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Postcrossing I





Foi através deste post da Carolina que descobri o postcrossing. Também ela o tinha descoberto através de um post de alguém num qualquer blog. Adorei imediatamente a ideia. Quase em meados de Novembro, escrevia ela assim:
"Consiste no envio e na recepção de postais, para e de pessoas de todo o mundo. Basicamente, o que se tem de fazer é inscrever-se no site, colocando a morada e preenchendo um pequeno perfil, de modo às outras pessoas saberem algo sobre nós e poderem escrever algo que nos interesse no postal.
Por cada postal que enviarmos, recebemos um."
Entretanto fui estudando a ideia que me pareceu fantástica e seguindo os relatos da Carolina sobre a experiência. Eu que adoro montes de países, e postais, e escrever, e diversidade e tudo e tudo, fui ficando cada vez mais apaixonada pela cena e há uns dias inscrevi-me no site. Enviei um postal para a Holanda que já foi recebido, e estou a preparar-me para enviar mais quatro: República Checa, Rússia, Taiwan e Holanda novamente. Os países e as pessoas que recebem os nossos postais são atribuídos aleatoriamente, assim como os postais que recebemos são de destinos aleatórios também. No entanto caso recebamos um postal cujo remetente nos agrade especialmente, existe uma coisa fantástica: o direct swap. Se pessoa em questão estiver interessada em fazer direct swap connosco, poderemos a partir daí fazer uma troca recíproca de cartas/postais/whatever.
Parece-vos bem? Quanto a mim, conheço umas quantas pessoas que, depois de ler este post, vão passar a coleccionar postais desse mundo lá fora. Para elas (e para os outros), fica o website:

http://www.postcrossing.com

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

das coisas que me dão comichões...

Qual é a forma correcta?

a)      Isso não tem nada a ver com este assunto.
b)      Isso não tem nada a haver com este assunto.

A frase mais correcta é a da alínea a). Com efeito, as expressões “ter a ver” e “ter a haver” podem ser confundidas. Vejamos o que cada uma significa:

•    Ter a ver = ter relação (com), dizer respeito (a).
•    Ter a haver = ter a receber.

Clarifiquemos melhor com alguns exemplos:

1.    O João não tem nada a ver com este problema. (=o problema não diz respeito ao João, não está relacionado com ele)
2.    O João não tem nada a haver. (= o João não tem nada para receber.)

A confusão entre estas duas expressões poderia ser evitada se em vez de “ter a ver” usássemos a expressão mais correcta “ter que ver”. Realmente “ter a ver” é um galicismo, isto é, uma expressão que importámos do francês e que cada vez usamos mais em vez da portuguesa “ter que ver”.
Assim, em português correcto, devemos dizer:
Isso não tem nada que ver com este assunto.
Sei bem que isto não tem nada que ver com o assunto do blog, mas é uma daquelas pérolas linguísticas que me dá muitos arrepios, e não é com pouca frequência que a encontro por essa blogosfera fora.

Esclarecimento retirado (e bem) daqui.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

one of those insane crushes



He is Kris Holden-Ried, from the amazing TV series Lost Girl, to which by the way I am totally addicted.
And... seriously, this guy has a thing.


From IMDB:
"Lost Girl focuses on the gorgeous and charismatic Bo, a supernatural being called a succubus who feeds on the energy of humans, sometimes with fatal results. Refusing to embrace her supernatural clan system and its rigid hierarchy, Bo is a renegade who takes up the fight for the underdog while searching for the truth about her own mysterious origins."

O canal canadiano ShowCase está agora a passar a segunda temporada, aos Domingos às 21:00 (hora local).
Em Portugal, a primeira temporada está a ser passada pelo AXN Black, sob o nome A Rainha das Sombras, aos Domingos, às 20:40.

Como eu devoro tudo o quanto é fantasia, e tendo em conta o "factor" de peso que inicia este post, não consigo ainda emitir uma opinião objectiva e imparcial sobre a série. Acho que estou demasiado envolvida emocionalmete :P Aconselho, para quem se interessa pelo género.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

New Year



Depois de um fim de ano passado entre correrias de um país para o outro e vice-versa, depois de uma Passagem de Ano tresloucada, fortíssima e memorável com os melhores do mundo, depois de um início de ano de férias (e que bem merecidas que elas foram) e depois de um conturbado regresso ao trabalho... (ufa!) só agora é que me apercebi que ainda nem tinha pensado nas minhas resoluções para 2012.
Mas primeiro um curto balanço do ano que passou. Que me perdoem todos os que estão mergulhados nos negros mares da crise por essa Europa fora, mas o ano 2011 foi um dos mais prodigiosos da minha vida. Trouxe-me muita sorte, novidades e reviravoltas. Nem tudo foram rosas, é verdade. Perdi uma das pessoas mais maravilhosas que já conheci. Vi os meus amigos chorar e verem pessoas que amavam partir. Assisti a terríveis desgraças que me fizeram questionar as mais absolutas certezas. Repensei imensas vezes o facto de estar longe, e de como seria tão melhor estar perto dos que amo nos momentos difíceis que passaram em 2011. Foi um ano de altos e baixos, mas também foi o ano que a a minha vida deu uma volta radical. O vento da mudança soprou finalmente e vi os meus sacrifícios trazerem resultados, e os meus sonhos tomarem forma. Arrisquei num novo país e consegui.
Há uns dias, alguém muito querido perguntou-me: “E vale a pena estares longe dos que mais gostas pelo dinheiro que ganhas?”
A minha resposta foi curta, incerta. Por enquanto vale a pena.
A verdade é que não há emprego que pague o valor da família e dos amigos. E estar longe foi o maior sacrifício que alguma vez tive de fazer. No entanto, tenho conseguido ir a casa com mais frequência do que esperei (a cada dois meses) e este sacrifício permite-me proporcionar aos meus pais e amigos momentos de felicidade que nunca antes foram possíveis. Quando estamos longe, aprendemos a dar muito mais valor ao que deixámos para trás e a aproveitar muito mais cada momento que passamos com as pessoas. Não amamos mais, mas sentimos mais.
E permitindo-me um bocadinho de egoísmo, este sacrifício abriu-me portas para uma carreira na minha área de formação, a fazer algo que gosto.
Por isso mantenho a minha resposta: enquanto assim for valerá a pena.

Agora, as resoluções para 2012:
- Falar Alemão decentemente
- Ter aulas de guitarra
- Ir nadar duas vezes por semana
- Conhecer Viena, Praga e Londres
- Fazer uma mudança a nível profissional
- Inscrever os meus pais num curso de informática (se alguém souber de algum na área, é favor mandar vir!)
- Tagarelar menos e deixar de contar a minha vida por aí :)
- Receber os amigos e a família por estas bandas mais vezes.

Já chega, não?

xi-<3 & Happy New Year everybody!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012


Odeio quando me obrigam a assumir erros que não são meus.
Odeio ainda mais desesperar por pensar que cometi um erro crasso, passar dias e dias a matutar sobre isso e a perceber como é que aconteceu e no fim descobrir que não fui eu a responsável pela asneira e que me limitei a fazer o meu trabalho da forma mais correcta possível.
Pior quando estes erros nos fazem perder dinheiro. Pior que quando me tento defender, percebo que a pessoa imediatamente acima de mim já sabia que a culpa não tinha sido minha e deixou-me arcar com a responsabilidade e com a agonia de ter falhado. Em falso.
Pior quando, depois disto tudo, a única coisa que ouço em resposta é:
"Please... I'm not going back to this again."

F*ck this freaking show.